19 novembro 2008

Religiosos bobos do movimento espírita

Que também parece não terem o que fazer.

Escrevi as duas matérias recentes, “Religiosos que não têm o que fazer” e “O problema dos religiosos insensatos”, matérias voltadas para o público em geral, posto que o universo de leitores é constituído por pessoas de todos os credos.

A iniciativa de tocar neste assunto, falando da chatice de muitos religiosos, está tendo uma repercussão além das minhas expectativas: pedidos diversos de autorizações para transcreverem as matérias, em jornais, sites e grupos de discussões católicos; vários padres e freiras trazendo mensagens carinhosas pedindo para constarem os seus e-mails em minha agenda, para receberem os meus artigos (protestantes também) e até convites para iniciarmos uma espécie de associação nacional, supra-religiosa, onde pessoas afins com as idéias expostas nos artigos possam estar congregadas e em constante trocas de idéias.

Acho que chegou a hora do: “abaixo a submissão a quem quer que seja”.

Nesse ínterim, muitas sugestões para que eu aborde a questão em referência ao movimento espírita, o que eu já estava disposto a fazer, sem sombras de dúvidas. Opa! A hora é esta.
É bom, inicialmente, lembrarmos que o universo espírita está contido no universo das pessoas em geral e não há nada de especial, em que pese a Doutrina Espírita nos fornecer subsídios para que sejamos especiais, em relação à criatura comum, haja vista a excelência do Espiritismo.
Mas já que o assunto do momento é o “chato religioso”, quero falar aqui sobre o “chato espírita”, que é outro que também enche a paciência de muita gente em nosso movimento.
Conforme você sabe, o crente chato diz que nós espíritas estamos condenados ao inferno, porque a “palavra de deus” condena o Espiritismo, porque no livro de Hebreus consta o tal “o homem só morre uma vez”, em Deuteronômio 18 consta... e por aí vai. Enfim, para ele não existe verdade nenhuma além da Bíblia e tudo o que alguém falar ou praticar, mas não constar da Bíblia, é coisa do demônio, e dever ser condenado.
O chato espírita faz exatamente a mesma coisa: Fora de Kardec, não há salvação... ou melhor, fora da tradução das obras básicas que ele tem, não existe salvação, está tudo errado e tem que ser, também, condenado.
Esse negócio de condenações, nos segmentos religiosos, inclusive no movimento espírita, é algo repugnante e que todos nós temos que, veementemente, dizer NÃO.
Nas matérias que dirigi ao público em geral, citei a intolerância protestante em relação aos católicos, pelo fato deles amarem excessivamente a Maria, a que foi mãe de Jesus, alguns chegando inclusive a ter manifestações de raiva dela. É um absurdo, mas existe. De fato, existe a mariolatria no segmento católico e ninguém pode negar isto. Mas é bom relembrar que eles têm o direito de crer, como acham que deve ser.
O que é lamentável é a incapacidade de entenderem que entre eles e os católicos há muito mais pontos convergentes do que divergentes, razão pela qual deveriam se amarem bem mais, e até trabalharem juntos pela divulgação do nome do próprio Jesus, para as pessoas que realmente precisam, que são os ladrões, corruptos, assassinos, torturadores, estupradores, gananciosos, bancos, orgulhosos, egoístas, praticantes de abortos, suicidas e todo malfeitor que faz o mal, por causa da ignorância.
Mas acham mais importante viverem uns criticando e atacando os outros.
No meio espírita acontece exatamente a mesma coisa.
Existe um segmento de intelectualóides, que vive em constante e permanente luta contra as obras de J. B. Roustaing, contra as obras de Ramatis, contra Pietro Ubaldi, contra quem usa música em centro, contra quem sorri e aplaude, contra quem usa gravata colorida, contra a FEB, contra Bezerra de Menezes... enfim, um segmento extremamente chato e inútil, que defende uma tal “verdade”, do mesmo jeito que os crentes defendem o que eles chamam de “Palavra de Deus”.
O chato espírita é incapaz de envolver-se em bom senso, por algum momento, e refletir, mais ou menos assim:
Se a obra de Roustaing, composta por 4 livros grossos, contém tanta coisa boa, tanto ensinamento maravilhoso e também divulga o amor do Cristo, que coerência tenho eu, em condená-la TOTALMENTE, só porque consta uma ou outra citação que eu discordo?
A mesma linha de raciocínio deve ter em relação a Ramatis, Pietro Ubaldi e outros.
Mas esse bom senso não existe, e haja considerarem o autor como inimigo de Kardec, opositor a Kardec, do mesmo jeito que os protestantes consideram nós espíritas como inimigos de Jesus.
A mania que têm em colocarem adjetivos “desqualificativos” nas pessoas, que discordam dos seus pensamentos, é algo impressionante: É um impostor, é inimigo, é detrator, é opositor, é um mau que precisa ser extirpado... e por aí vai.
E a intolerância, não precisa ser extirpada não?
O chato espírita, na sua posição de quem não tem o que fazer, se incomoda com tudo: Com as roupas das pessoas que vão ao centro, com as jóias e bijouterias das mulheres, com as maquiagens, com pessoas que estão sorrindo, com pessoa que vai ao centro calçada com as legítimas havianas (aquelas que não deformam, não tem cheiro e nem soltam as tiras)... enfim, o chato espírita é chato ao extremo. Mas diz que faz tudo aquilo, em nome da “pureza” doutrinária.
Vale lembrar que o Thomaz de Torquemada e seus asseclas também torturavam e queimavam pessoas vivas, na vergonhosa prática da inquisição, usando exatamente o mesmo argumento de defesa da tal “pureza” doutrinária do Santo Ofício.
Mas eu falava, nas matérias, que os autênticos cristãos, independentemente da rotulação a que pertencessem, deveriam se unir com todos os demais, a fim de lutarem contra os verdadeiros males da Terra, contra os verdadeiros bandidos, contra as verdadeiras mazelas morais que tanto prejudicam a criatura humana e o meio ambiente.
Não seria mais inteligente que todos os espíritas parassem com essas palhaçadas ridículas (é isto mesmo que quero dizer: palhaçadas ridículas) e observassem que entre os seus confrades há muito mais pontos comuns, incomparavelmente mais pontos positivos e convergentes do que divergentes?
Mas não, optam por atacarem, guerrearem e caluniarem.
Lembro-me do tempo que vivi em Belém do Pará, ainda com pouca experiência e pouco conhecimento espírita, porém já me disponibilizando como trabalhador na área da divulgação, quando determinadas lideranças do chamado movimento espírita “organizado” me repreendiam, com dedo na cara (não é força de expressão não, gente, era dedo na cara mesmo, com toda veemência) por causa da minha amizade com o Hélio da Silveira Pinto (aquele que é autor do livro “Já Estava Escrito”), pelo simples fato dele ser adepto das idéias de Roustaing.
Vejam bem: O Hélio nunca foi bandido, ladrão, assaltante, criminoso, assassino, imoral, indecente, safado, canalha... enfim, nada disto. Muito pelo contrário, sempre foi até chato demais, como ainda é, quanto a conduta moral.
Mas o detalhezinho de gostar de Roustaing, era motivo para muita gente odiá-lo, assim como é, até hoje, discriminado e até proibido de fazer palestras na maioria dos centros espíritas do Pará, em que pese a sua extraordinária experiência e o seu valiozíssimo conhecimento.
Eu estava no Rio de Janeiro, por ocasião do funeral do corpo que o meu amigo Altivo Pamphiro utilizou, e, em determinado momento, fui em direção de um outro seu dileto amigo, também presente, o Luciano dos Anjos, e fiquei algum tempo conversando com ele. Foi o meu primeiro contato com o Luciano.
Observei outro grupo de amigos reunido, em outro lado da sala, quando dois faziam insistentes sinais para mim, como se estivessem me alertando contra alguma coisa.
Ao despedir-me do companheiro, fui até lá, quando:

“Alamar. Você sabe quem é aquele cara, que você estava conversando?” (isto mesmo, referiu-se ao Luciano como aquele cara.

“Aquele é o Luciano dos Anjos, rapaz! Olhe, tenha muito cuidado, porque não fica bem para você, pelo nome que tem, ficar próximo dele não.”

Gente. Eu não acreditava no que estava ouvindo.
Estaria eu em relação com algum perigoso traficante de drogas do Rio de Janeiro?
Não, meu amigo, eu apenas estava conversando com um homem que é conhecido no Brasil como o maior defensor das obras de Roustaing e não defensor do tráfico de drogas, da prática do aborto e de outros crimes. Um homem honesto, digno e decente.
Uai, por que tanta intolerância?
O espírita chato é repugnante, gente! Exatamente igual ao crente, dos mais radicais.
Assim como o crente, na intenção de denegrir bem a imagem do Espiritismo, inventa que os espíritas são envolvidos com necromancia, cartomancia, feitiçaria, macumba e até matanças de animais e de crianças, coisas horrorosas que nunca tiveram a ver com o Espiritismo, todos sabemos disto, o espírita chato faz exatamente a mesma coisa para denegrir a imagem de outro espírita, o qual ele não gosta.
Por inveja do sucesso de Medrado, por exemplo, inventaram para o Brasil que ele estava fazendo casamento espírita na Cidade da Luz, obrigando os freqüentadores a se casarem em seu centro, sob sacramento dado por ele, como se fosse um padre espírita, quando na realidade não foi nada disto o que aconteceu, eu já disse em outro artigo.
Por considerarem Divaldo como sendo um concorrente do ídolo Chico Xavier, inventaram a estúpida estória dos plágios, que deu naquela matéria do Fantástico, tentando destruir a sua imagem.
Quando eu lancei a histórica e revolucionária revista “Visão Espírita”, linda e maravilhosa, em todas bancas de revistas do Brasil, coisa que nunca aconteceu igual na história da divulgação espírita no mundo, tendo chegado a imprimir 100 mil exemplares por mês, a mesma coisa aconteceu: Houve quem dissesse que a revista tinha o Antonio Carlos Magalhães por trás, que as suas cores era uma agressão à humildade, que o seu idealizador COM CERTEZA tinha pretensões políticas... e um monte de coisas, para justificar a proibição da sua circulação em muitos centros.
O chato religioso, incluindo o chato espírita, não se conforma apenas em discordar de alguns pontos do seu confrade, ele condena POR INTEIRO o seu confrade e tudo faz para destruir a sua imagem, a fim de mandá-lo para as profundezas do inferno.
Por que isto?
Tem que ser assim?
Que tipo de Jesus existe na vida de criaturas desse perfil?
Que diabo de doutrina é essa, que eles se dizem seguidores, e que fazem tanta questão de defender a sua PUREZA??? Vejam bem, gente: Pureeeeeezaaaaaaa!!!!!!
Existe alguma pureza do Espiritismo que seja mais pura do que seguir aquele que, para nós, é o maior Modelo e Guia, que é Jesus, segundo nos recomendam os Espíritos da Codificação?
Afinal, Jesus ensinou o “amai-vos uns aos outros” ou o “armai-vos uns contra os outros”?
Sugiro aos queridos amigos espíritas que atentemos todos contra essa figura repugnável, do nosso meio, que é o chato espírita. Que entendamos, sim, os seus problemas, as suas inferioridades espirituais, que compreendamos esse seu desequilíbrio em se comportar desta maneira e até oremos por ele, sem dúvida alguma; mas não temos qualquer obrigação de, em nome da “humildade” e da “caridade”, suportar calados as suas chatices, inconveniências, arrogâncias e presunção, não temos porque vivermos a dizer sim para esse tipo de perturbado, porque o NÃO é também importante na relação humana, devemos ter firmeza e segurança em repudiar esse tipo de praga do nosso movimento.

- “Serjão não fala, nunca mais, em nosso centro, porque um dia ele disse isto e aquilo”.
- “João está proibido de falar em nossa rádio e em nossa tv, porque botou a foto da dona Zíbia Gasparetto na sua revista e também disse isto e aquilo. Proibamos até de falar em seu nome em nossas emissoras.”
- “Estevão está proibido de falar neste centro, porque separou-se da mulher e hoje vive com uma menina mais nova”.
- “Márcia está proibida de participar dos trabalhos da casa, porque disseram que ela está namorando com fulano”.
Ora, vão caçar o que fazer!
O chato espírita tem umas características, bastante interessantes:
Quando um grande expositor está fazendo uma palestra, geralmente para um grande público, ele fica na expectativa de algum erro de português, alguma data citada errada, enfim, alguma falha, por menor que seja, para sair comentando. Nada de bom é levado em consideração, 99% de coisas boas faladas, para ele, são irrelevantes, porque entraram num ouvido e saíram noutro, e apenas 1% de possível equívoco, já que ninguém é perfeito e muito menos infalível, é o que importa.
A forma é o que importa, conteúdo é relegado a último plano.
É por isto que esse tipo de “cristão” cria confusões religiosas com os outros, como os crentes que implicam com os católicos por causa dos cultos à Maria, reage contra os espíritas, por causa da reencarnação e do intercâmbio mediúnico e vários outros tipos de intolerâncias.
No exemplar muito comum, em nosso movimento, ele faz a mesma coisa com espíritas que não pensam exatamente como ele.
Diante de todo este problema, o que devemos fazer? Procurar eliminar, de alguma forma, a figura do espírita chato?
Não, nada disto. Assim como devemos ignorar o religioso chato, em geral, devemos fazer o mesmo em relação ao espírita chato, não dando a menor bola pra ele, não nos calando quando ele começar a abrir a boca para falar as suas bobagens “fraternas”, e não nos intimidando nunca!
Esse negócio de ficar calado, em nome da humildade e da caridade, sabe o que significa? OMISSÃO.
A proposta dos artigos anteriores, enviados ao grande público, era um convite ao RACIOCÍNIO por parte dos que se acham Cristãos, para que tenham um pouco mais de inteligência nessa coisa de divulgar Jesus, sem serem chatos, inconvenientes e, sobretudo, passarem exemplos de relacionamento com próximo, totalmente incompatíveis com o que ensinou Jesus.
Que moral tem alguém para convencer alguém a “aceitar” a idéia Jesus, praticando violência e intolerância?
O mesmo eu sugiro a determinados companheiros espíritas, para que deixem de ser chatos e contraditórios em relação a doutrina que nos orienta.
O pior cego não é o que não quer enxergar não, é o que não faz o menor esforço em enxergar.

Abração a todos.

Analista de Sistemas e Escritor
alamar@redevisao.net
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http://www.alamar.biz/
ORKUT "alamarregis"

Um comentário:

Editor disse...

Excelente seu texto. Tenho livrado-me de "chatos espíritas" e até de chatos religiosos com apenas duas palavras, evitando uma longa discussão e de quebra fazer com que entendam bem o recado. São elas:

"LIVRE ARBÍTRIO".

Um grande abraço, Waldir da Rocha