17 novembro 2008

O grande problema dos religiosos insensatos

Prejudicam mais do que ajudam

Você já deve ter passado por esta experiência:Quando algumas pessoas começam a citar Jesus, muitos reagem mais ou menos desta maneira: “Ih, já vem com esse papo de crente” e outras reações, nada agradáveis, demonstrando claramente que não estão a fim de conversarem sobre o assunto.
Eu escrevi recentemente a matéria “Religiosos que não têm o que fazer”, que está tendo uma repercussão enorme, bem maior que aquilo que eu poderia prever. E-mails têm chegado por parte de várias pessoas, inclusive muitas que não são, normalmente, leitoras minhas, mas que receberam a matéria retransmitida por amigos comuns, inclusive alguns padres e pastores que receberam e me escreveram, carinhosamente, pedindo para que eu desenvolvesse mais o assunto, por ser muito oportuno e convidativo para reflexão (segundo eles), em todos os segmentos religiosos.
É óbvio que alguns perturbados, também, mandaram e-mails, (muito poucos) exatamente aqueles que, certamente, a carapuça serviu à cabeça, porque não fazem outra coisa senão infernizar a vida dos outros com a religião aplicada de forma inconveniente, impositiva e chata.
O objetivo da matéria foi o de convidar as religiões diversas a adotarem posturas mais racionais, em relação ao mundo, posto que a humanidade atual está bem mais racional e observadora, não engolindo com tanta facilidade assim tanta teoria que lhe é apresentada, sem resultados práticos, pelo menos satisfatórios.
Que moral tenho eu para pregar Paz, se não tenho qualquer afinidade com a Paz e, principalmente, se não tenho a Paz em mim?
Como posso falar em coerência, se não vivo coerentemente?
Como posso pregar Jesus, se costumeiramente vivo presunçosamente a julgar os outros, a condenar, a olhar argueiro nos olhos alheios e a fazer às pessoas aquilo que, com certeza, eu não quero que ninguém faça comigo?
Não é uma tremenda contradição?
Numa linguagem bem popular: não é um tremendo cinismo e até falta de vergonha na cara?
A quem eu pretendo enganar? Será que a inteligência de todas as pessoas é tão tacanha, a ponto de engolir-me como pessoa valorosa se, em verdade, espiritualmente eu também estou mergulhado na lama?
Cego não pode guiar cego.
É isto que muitos religiosos, ou fanáticos por religiões, não entendem.
Todos sabemos que determinadas criaturas adotam uma ou outra religião e, por causa disto, passam a se acharem a coisa mais pura e maravilhosa do mundo, se auto concebendo possuidoras de afinidade total e direta com Deus, até mesmo acreditando ter super-proteção, salvação garantida e lugar assegurado no Céu, à direita de Deus Pai. Eu não consigo entender por quais razões não poderá ficar ninguém à esquerda de Deus, se é que além das limitações da Terra seja possível existir direita, esquerda, acima, abaixo... Mas não é o objetivo da análise aqui.
A incoerência de determinados religiosos é enorme, mas parece que eles não se percebem.
Vejamos alguns exemplos:
Como pode alguém deixar de reconhecer a excelência que foi o Pastor Martin Luther King, para a humanidade, só porque foi ele um pastor protestante e o presunçoso julgador não gosta de nenhuma religião protestante?
Você já deve ter ouvido algumas pessoas dizerem que criaturas como Dom Hélder Câmara, Irmã Dulce, Madre Tereza de Calcutá e inúmeros padres, freiras e bispos católicos, bons e maravilhosos, vão para o inferno, só porque não pertenceram à sua religião.
Como pode alguém deixar de reconhecer o extraordinário valor de um Chico Xavier, homem que viveu uma vida de amor ao seu próximo?
O pastor Luther King, no seu célebre discurso “eu tenho um sonho” disse o seguinte:
“Sonho com o dia em que as pessoas serão julgadas pelo seu caráter e não pela cor da sua pele”.
Será que não está na hora das pessoas começarem a refletir nesse extraordinário Evangélico e julgarem as outras, também, pelo caráter, pela conduta moral, pela dignidade e não pela rotulação religiosa?
Desde quando o rótulo religioso dá dignidade a alguém?
Do mesmo jeito que encontramos pessoas maravilhosas e íntegras em todas as religiões, encontramos, também, pessoas canalhas, safadas e sem vergonha em todas elas. Sempre foi assim, em toda história da humanidade. Qualquer pessoa que se dispuser a estudar a história das religiões, verá que em todas elas há registros de líderes que foram verdadeiros monstros, tamanho a perversidade espiritual que tiveram. Estou falando em líderes, que deveriam ter a obrigação de serem exemplos, e não de fiéis. Imagine em nível de fiéis.
Diante destes fatos, perguntamos:
Por que não há consenso entre as lideranças saudáveis, ou seja, aquelas lideranças sadias que existem em todas as religiões, aquelas que têm alguma inteligência a ponto de saberem que o importante é o conteúdo e não o rótulo, para desenvolverem algum trabalho em conjunto, pelo bem, pela moral autêntica e não a moral de aparência, pelos valores reais e não pelos valores formais, pelo Amor praticado e não pelo amor teorizado, pelo Jesus vivenciado e não pelo “jesus” da boca para fora, em benefício do processo de moralização da humanidade?
Eu vivenciei um exemplo maravilhoso, que se encaixa dentro disto:
No ano 1993, em Salvador, Bahia, o então Cardeal Primaz do Brasil e Arcebispo de Salvador, Dom Lucas Moreira Neves, um dos homens de maior dignidade que eu já conheci, convidou todas as lideranças religiosas da Bahia para uma conversa, a fim de sugerir a idéia de um projeto chamado “Pró Vida”, quando as experiências saudáveis, de todas as religiões, seriam colocadas, a fim de encontrarem a melhor conclusão sobre um formato de todos, unidos, lutarem pelo bem, pela vida e trabalhando contra o mal.
Vários segmentos religiosos disseram sim e aquiesceram ao convite dele, mas outros disseram não, veementemente, sob suposições as mais ridículas possíveis, de quais seriam os objetivos dele. Há muita gente armada, espiritualmente.
Jesus ensinou: “Amai-vos aos outros”, mas muitos religiosos entenderam assim: “armai-vos, uns contra os outros”.
Várias reuniões foram feitas e em todas elas ele participou com uma humildade extraordinária (falo na autêntica, porque há também a “humildade” fingida), ouviu todo mundo, tomou anotações, fez perguntas, elogiou experiências dos outros, recomendou aos seus padres auxiliares, também presentes, que atentassem bem para as experiências dos outros, finalmente encontraram um modelo notável, que colocaram em prática e resultados maravilhosos foram obtidos na capital baiana.
A idéia foi levada em frente?
Não, porque gente do seu próprio segmento religioso não concordava com ele e achava que pessoas de outras religiões deveriam ser mantidas a distância, porque devem ser consideradas sempre como inimigas.
Está certo isto, gente???????
Que nível rasteiro de inteligência tenho eu, se considero as pessoas de outras religiões como inimigas, só porque, em determinados pontos, não pensam exatamente como eu penso?
Não é um absurdo?
Dona Celeste e seu Isaías obrigaram a sua filha, Regina, a terminar o namoro de mais de dois anos com o bom rapaz Fernando, porque ele era de outra religião e não queria converter-se à sua, uma vez que um líder da sua igreja assim recomendou. A moça concordou com os pais e com a orientação da igreja, impôs ao quase noivo a converter-se, o que não foi aceito e o namoro foi rompido, apesar do amor e da fidelidade que ele tinha por ela.
Ela passou a namorar o Geraldo, por ser da mesma religião, (talvez um homem perfeito, na sua concepção e na dos seus pais) acreditando que teria um futuro de paz quando, anos depois, passou por grandes sofrimentos, por conta dos seus vícios, da sua maldade, violência, perversidade para com ela e com os vários filhos. Não era uma esposa, era um objeto de um macho, ou seja, uma coisa.
De repente, não se sabe o que passou pela sua cabeça, quando soube que o Fernando estava também casado, e muito bem casado, porém na condição de bom filho, bom marido, bom e carinhoso pai, não machista e um homem de um modelo que é sonho de qualquer mulher que tem juízo e um pouco de conteúdo cerebral na sua cabeça.
Religioso chato e inconveniente, não tem quem agüenta:
Quem é que gosta de escutar a sua campainha tocar, na hora do almoço, e quando vai atender a porta, percebe religiosos querendo converter a sua família e que, quando não atendidos, forçam a barra sob argumentações de que a pessoa está com o Satanás e que por causa dele não abre a porta?
Como você se sente ao andar pelas ruas do comércio da cidade e, de repente, ser abordado por uma suposta leitora de mão que, ridiculamente afirma que coisas ruins vão acontecer contigo, num processo estúpido de lhe amedrontar, só para forçar a barra e exigir que você aceite as suas conveniências?
É uma verdadeira apelação, que fazem alguns, quando diante dos sofrimentos e dificuldades de outros, vêm com aquele tipo de argumentação: “Você TEM QUE IR lá no centro, senão...”
Todo fanatismo é burro e mais idiota ainda se torna quem se deixa levar pelas apelações ridículas de outros.
Do mesmo jeito que perniciosos são os flamenguistas que odeiam vascaínos, e vice-versa, palmeirenses que odeiam corinthianos, e vice-versa, e outros verdadeiros fanáticos por futebol que promovem desordens e violência, vendo os torcedores dos outros times como inimigos, estúpidos, do mesmo nível, são também os religiosos que vêem os que pensam diferente, como seus inimigos.
Imagine se Deus discrimina pessoas, se vai ficar aborrecido com pessoas que cometem erros (quem não os comete?) e se vai ficar na dependência de desequilibrados para defendê-lo, portanto supostamente como seus soldados, atacando os outros.
Não pode ter coerência, nenhuma religião que tente lhe impor coisa alguma: “Você tem que fazer... você tem que... porque tem que ser assim e assado”. Somente pessoas de mente muito estreita se conformam, caladas, com o “porque sim” e o “porque não”, quando questionam alguma coisa.
Tem algo que todos devemos saber: Só se preocupa com a crença dos outros aquele que não tem segurança na sua.
Afinidade com Jesus, só tem mesmo aquele que se comporta, mais ou menos conforme os seus ensinamentos.
  • Quem é inconveniente, nada tem a ver com ele, porque ele nunca foi inconveniente.
  • Quem se acha no direito de julgar os outros, nada tem a ver com ele, porque ele nunca julgou ninguém e deixou bem claro o “não julgueis”.
  • Quem vive a apontar erros nos outros, também nada tem a ver com ele, já que foi ensinado: “antes de apontar o argueiro no olho alheio, preste atenção na trava que tem no seu”
  • Quem discrimina os outros, por motivos religiosos, nada tem a ver com ele, que nunca discriminou ninguém.
  • Quem fere, tortura e mata, em nome dele, está usando indevidamente o seu nome, certamente nada tem a ver com ele, que foi veementemente contra qualquer tipo de violência.

Quem cobra dos outros viverem conforme o seu Evangelho, mas certamente não vive nem um centésimo do que prega, nada tem a ver com ele que, durante toda a sua vida, foi rigoroso contra a hipocrisia.

Eu comecei a matéria dizendo que muita gente reage, quando alguns tentam falar em Jesus. Posso garantir que as reações não são por causa da proposta dele, são por causa da inconveniência, da chatice e da hipocrisia de muita gente que precisa entender que, ainda bem, nem todo mundo é bobo, de se deixar guiar por cegos.

Abração aos meus amigos Dom Aldo Pagotto, Dom Celso, Dom Ismael, Dom Vicente Joaquim Zico, Dom José Luiz Azcona e outros 31 bispos da minha lista de amigos; aos Padres José Linhares Ponte, Atílio Zamin, Miguel Martins, Carlos Macedo, Genaro, Celço Eissing, Hoffmann, Juarez e mais de 180 outros padres da minha lista de amigos; aos pastores Jerônimo Filho, da Assembléia de Deus; Josué Braga, da Batista; Sebastião Afonso, da Presbiteriana Fundamentalista; Daniel Nogueira, da Adventista e mais de 220 outros pastores; às Madres Celina Santana, Semíramis Borges e mais de 1100 freiras da minha lista de amigos, pela dignidade como conduzem as coisas do Cristo e pelo amor que vocês têm pelo próximo, entendendo que o compromisso com Jesus é incomparavelmente mais importante que os apegos a qualquer rotulação religiosa.

Carinhosamente.

Analista de Sistemas e Escritor

alamar@redevisao.net

www.redelivros.net

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www.alamar.biz

ORKUT "alamarregis"

2 comentários:

Unknown disse...

Olá, vim através do blog da Adriana, estou linkando alguns blogs espiritas com conteúdo de qualidade lá no blog, e este é um deles.
Sou espirita e concordo inteiramente com este post, embora conheça muitos radicais.
Não gosto (de radicalismo)não concordo e não acho certo.
Cada vez mais a tendência é de unificar as religiões, com paz e harmonia, mas no momento ainda vejo muito longe este tempo...
Gostei muito das abordagens que encontrei aqui.
Um abraço

Momento de Paz disse...

Jeanne, bom dia!

Obrigado pela força ai. Estamos tentando fazer um bom trabalho e graças a Deus amigos dispostos não faltam. sobre o seu comentário,
Minha amiga, este dia ainda vai demorar a chegar. O orgulho nos faz inimigos de nós mesmos. Mesmo no meio espírita encontramos irmãos que ainda se comprazem em em debater as difereças religiosas e fazer que suas ideias "vençam" a qualquer custo. Assim como os outros religiosos insanos, estes não tem proveito nenhum pra Deus e Jesus. A passos curtos e vacilantes... assim caminha a humanidade.

abração
Neimar