30 maio 2010

Cobranças em eventos espíritas

Há pessoas que, provavelmente, tiveram sérios problemas morais, envolvendo dinheiro, no passado, e hoje estão reencarnadas, no movimento espírita, infernizando a vida dos outros, altamente incomodadas quando ouvem falar em dinheiro em evento espírita.

Eu já havia escrito uma matéria, tratando da questão do “Dai de graça, o que de graça recebestes”, mas chamando a atenção dos espíritas para observarem bem a sugestão de Jesus, que não nos manda dar TUDO de graça e sim o que DE GRAÇA nós recebemos.

Todavia, já que muitos confrades nossos parecem que não vêem relevância na necessidade de raciocinar, discernir e aplicar o bom senso nas coisas, terminam por pegarem a frase numa concepção superficial, sem disposição a se aprofundarem no seu contexto, e haja condenar o que a doutrina não condena. 




O ensinamento é claro: Devemos dar de graça o que DE GRAÇA recebemos e não TUDO o que temos. Só não enxerga isto quem não quer.

Na insistência de quererem manter esse equívoco absurdo, de que o espírita deve sempre se parecer bonzinho, para os outros, ou seja, utilizar-se de máscara, continuam a tocar na mesma tecla de que os espíritas devem sempre dar TUDO de graça.

Não é de hoje que recebo artigos de companheiros baixando a lenha em cima dos que promovem eventos espíritas, com entradas pagas, e hoje, posto que estamos em véspera da realização do 3º Congresso Brasileiro de Espiritismo, promovido pela FEB, que também tem inscrição paga e é o foco atual dos ataques, acho que tenho que escrever algo, novamente, uma vez que, só esta semana, recebi mais de trinta cópias de um artigo escrito por um companheiro, que é respeitável, mas que insiste em condenar os eventos que são cobrados, razão pela qual quero colocar algumas perguntas a ele e a quem concorda com essa suposta condenação.

Nas traduções do Evangelho que eu tenho consultado, consta Jesus recomendando dar de graça só o que de graça recebemos, e não tudo. Por acaso, nas traduções das que vocês usam, o Mestre manda dar TUDO de graça?

O Severino Celestino, no seu notável trabalho de resgatar as verdadeiras traduções das escrituras, "Analisando as Traduções Bíblias", "Sermão do Monte" e "Bereshit", também concorda que os originais demonstram que Jesus não recomendou dar tudo de graça e sim apenas o que DE GRAÇA nós recebemos.

Mas vamos raciocinar, gente?

Se uma editora faz um livro, obviamente ela paga a alguma gráfica que, por sua vez, tem que comprar o papel, a tinta, os insumos da máquina de impressão, a mão de obra dos funcionários, etc...

Como ela poderia dar esses livros, de graça, para os centros espíritas, se ela não os recebeu de graça?

O centro espírita, por sua vez, por mais que receba um bom desconto, também paga os livros para a editora ou distribuidora. Portanto, não os recebe de graça.

Como poderia dá-los de graça, aos seus freqüentadores?

No dia-a-dia verificamos que todos os centros espíritas, que possuem livrarias, VENDEM os livros, recebem dinheiro, nessa venda, e não quilo de alimento não perecível em troca, e lidam com aquele dinheiro. Inclusive os centros dirigidos ou freqüentados por aqueles que vivem a criticar a cobrança em eventos espíritas, fazem isto. Vejam só que contradição desgraçada.

Pois bem:

Outro dia eu usei este argumento para um dos críticos e ele me respondeu, da seguinte maneira:

- “Mas, Alamar, não venha querer confundir as coisas. Os recursos oriundos dos livros que nós vendemos em nosso centro, são utilizados para ajudar nas obras da casa, que tem suas despesas, funcionários para pagar, encargos sociais, despesa com energia elétrica e outras”.

Uai. Muito bonitinho, né? E por acaso, os recursos oriundos dos eventos realizados, são para quê? Para comprar carros importados para os seus realizadores? Para aumentar patrimônio pessoal das pessoas que os produzem?

O seu centro espírita não tem quase despesa nenhuma, porque só paga um ou dois funcionários, mesmo assim em salário mínimo, tem uma conta de luz baixíssima, por causa da miséria de utilizar-se de poucas lâmpadas, as mais fracas que existem, despesas essas que podem ser bancadas com os parcos recursos de uma livraria, mas, e as instituições que têm obras grandes e, conseqüentemente, despesas gigantescas, vão pagar com quê? Com água fluidificada?

Alguém conhece alguma fórmula que dirigente radical espírita tem para materializar dinheiro, para pagar as despesas naturais da instituição?

Talvez seja: Meio quilo de farinha de trigo, dois ovos, uma pitada de sal, uma resma de papel sulfite... tudo isto misturado com um pouco de Fluido Cósmico Universal.

É impressionante a intolerância que ainda existe em nosso movimento, por parte de muitos.

Será que a “Mansão do Caminho”, do Divaldo, que é tanto criticado quando realiza os seus eventos, mas que tem milhares de bocas a dar comida, diariamente, e milhares de crianças a dar educação, consultório médico e odontológico e despesas enormes, terá que fechar as portas, para atender aos equivocados do “dai de graça" mal interpretado?

Recebi várias críticas, porque divulguei o sorteio que o CEAC, do Richard Simonetti, está realizando, pedindo participação de vários centros espíritas em todo o Brasil, sob a maluca argumentação de que o Simonetti está passando por sérios problemas de obsessão.

Ora, que vão caçar o que fazer. Por acaso, senhores críticos, vocês têm idéia do tamanho da obra do Simonetti, em Baurú? Têm idéia do número de milhares de necessitados que são atendidos, ali?

Tem idéia da satisfação dos centros espíritas, que revendem os bilhetes, em que metade da renda vai para eles resolverem problemas imediatos, já que entre os seus participantes tem muita gente para criticar, mas para ajudar, nos momentos mais difíceis quase ninguém pode?

Existem diversas obras espíritas maravilhosas, por tudo quanto é canto do Brasil, com despesas enormes, muitas delas passando por dificuldades terríveis, quase fechando as portas, por falta de recursos e não aparece ninguém para socorrê-las, muitos fingem que não estão vendo, outros dizem que “eu gostaria muito de ajudar, mas, infelizmente...”.

Gente, é preciso que todos se conscientizem que, lamentavelmente, as obras espíritas nem sempre podem contar com os próprios espíritas, para a sua sobrevivência.

Sobre esta questão de ajudar instituição assistencial espírita, conversando certa vez com dirigentes de uma grande instituição, fui informado de que mais de oitenta por cento das ajudas que ali chegavam, eram provenientes de não espíritas. Lojistas que contribuíam com mantimentos e até roupas, senhoras católicas que davam ajudas, etc. todos não espíritas. Não posso dizer que isto é uma realidade nacional porque nunca fiz esse tipo de pesquisa em nível nacional, como já fiz outras, só escutei uma instituição espírita me passar a informação assim.

Aí aparece o crítico das cobranças em eventos que coloca que não se deve cobrar, em hipótese alguma e que, se alguém pretender fazer algum evento espírita, deve pedir apoio financeiro aos espíritas abastados. Ele usa este termo.

Só pode ser piada, uma coisa desta?

Quantos espíritas abastados você conhece? Mas abastados que ajudam às obras espíritas! Alguém poderia me dizer onde é que estão esses espíritas abastados, que o crítico citou, como se eles fossem presenças constantes, garantidas e sempre dispostas a atender as necessidades da doutrina?

Outra coisa que consta no artigo crítico:

Dizem que pessoas estão preocupadas em fazer eventos espíritas em ambientes luxuosos e que doutrina espírita não combina com luxos e suntuosidades...

Mas que apelação mais sem vergonha. Isto é um absurdo. Estão confundindo ambientes confortáveis com ambientes luxuosos.

Há muita diferença entre os objetivos de alguém que promove um evento em um ambiente com assentos confortáveis, sistemas refrigerados, principalmente quando em tempos muito quentes, ambientes bem atendidos do ponto de vista acústico, que tenham bons sanitários e boa infra-estrutura, do que alguém que queira promover o evento em ambientes necessariamente luxuosos. Só mesmo a falta de bom senso para apelar tanto e confundir as duas coisas.

Quem eu sei que gosta de fazer os seus eventos em ambientes luxuosos, e faz questão disto, inclusive a bordo daqueles maravilhosos navios que atracam no porto de Santos, é o Luiz Gasparetto, filho da Dona Zíbia. Mas ele não é espírita, faz questão de deixar isto bem claro, não tem qualquer ligação e muito menos submissão ao movimento espírita e se relaciona com um público que ADORA LUXO e que faz questão de pagar por esse luxo.

E daí? Que temos a ver com isto?

Há outro aspecto a considerar, que eu gostaria que o leitor observasse bem:

Eu, que normalmente pago ingresso no cinema, no teatro e em diversos eventos, pago espontaneamente, porque quero ter o prazer de me divertir com esses meios de laser e de cultura, e fico feliz, mesmo sabendo que o valor do meu ingresso está apenas remunerando os artistas e não ajudando instituição assistencial nenhuma.

Por que eu não posso ter esse mesmo prazer em pagar ingresso, também, para obter benéficas informações espíritas, que, além de me serem úteis, também ajudam a instituições espíritas?

Só porque os críticos espíritas não querem?

Quer dizer, então, que eu posso disponibilizar o meu dinheiro para teatro, cinema, futebol, shows de artistas, parques de diversão, loterias, feiras, exposições e qualquer evento, mas para evento espírita eu não posso disponibilizar do dinheiro que é meu, porque existe alguém que não quer que sejam realizados eventos espíritas cobrados?

Eu quero pagar para passar uma manhã e uma tarde inteira, sentado em poltrona confortável e ambiente bem refrigerado, para ter o prazer de receber os ensinamentos de um Divaldo Franco, um Kau Mascarenhas, um José Raul Teixeira, José Medrado, Sérgio Felipe, Alberto Almeida, Heloísa Pires e vários outros confrades espíritas maravilhosos, e não posso, porque um hipócrita qualquer acha que esse evento só pode ser realizado, talvez no meio da rua, com todas as pessoas sentadas no meio fio, expostas ao calor ou a chuva, sob a argumentação de que os pobres que não podem, ou não querem, pagar o ingresso têm que assistir exatamente ao mesmo evento?

E tem outro detalhe: Toda vez que um desses confrades realizam um evento, com cobrança de taxa de inscrição, sempre deixam 50% da renda obtida para a instituição local que organizou o evento.

E com é que pode uma praga dessas ser contra uma coisa dessa?

Eu quero dar uma sugestão a esses que criticam os eventos que são cobrados:

Geralmente os expositores espíritas, quando vão a alguma cidade ou região, tudo é combinado com antecedência, com algum grupo da cidade. (Falar nisto, quero aproveitar para informar aos amigos do Espírito Santo que estarei voltando a esse estado, este ano, para novas palestras e trocas de idéias em várias cidades. A culpa não é minha não! o Dr. Virgílio disse que gostaram da minha estada em junho do ano passado e querem de novo. E eu vou, principalmente sabendo que tem boas coisas pra se comer.)

Mas, sim. Quando você tomar conhecimento que o Divaldo, por exemplo, vai à sua cidade numa determinada data, realizar um seminário ou “work shopping”, que será cobrado, faça o seguinte:

Providencie, você, reservar um outro espaço, que pode ser um velho depósito ou armazém que ninguém usa mais (muitas cidades tem vários desses), ou mesmo um espaço que ainda seja usado, mas que seja de graça, já que pra você tudo tem que ser de graça, se não tiver cadeiras suficientes, providencie quem lhe forneça as cadeiras de graça, o transporte delas também de graça, arrume alguém que esteja disposto a estar lá trabalhando na infra-estrutura de graça, montando lanchonetes para fornecerem água, refrigerantes e lanches também de graça, já que as pessoas vão passar um dia inteiro lá, providencie a gravação e faça, você, a palestra ou o seminário, transmitindo os seus conhecimentos espíritas que, certamente, devem ser bem maiores que os do Divaldo, já que você é o único que conhece a verdade espírita, ele não.

Dê preferência àquelas cadeiras que fecham e abrem, que tragam escrito "SKOL", "BRAHMA", ou "KAISER", que os bares usam, porque elas existem em abundância e pode-se conseguir de graça, ou as famosas plásticas de dez reais. Aproveite e convide a sua mãe, para ficar sentada numa cadeira desta, o dia inteiro, e convença-a de que ela tem que se conformar, porque em Espiritismo tudo tem que ser de GRAÇA.

Eu garanto que vão aparecer milhares de pobres, que estarão interessadíssimos em ouvir a sua mensagem, sentados em caixotes, em cadeiras plásticas de 10 reais ou até no chão, durante horas, inclusive senhoras idosas, que estarão cheios de caridades no coração, para compreenderem o excesso de calor ou de frio e o desconforto, agradecidos ao Pai, pelos ensinamentos obtidos pelo seu intermédio.

Mas recomende a alguém antes, para alertar a platéia para que não bata palmas para você, ao final, e muito menos fique de pé, sob o terrível risco de estimular à sua vaidade já que, certamente, o seu equilíbrio moral talvez possa ser tão frágil, a ponto de ser alterado em função do elogio que lhe fazem.

Agora veja que impressionante

As pessoas que se inscrevem, pagando, nos eventos promovidos pelo Divaldo, unanimemente saem felizes da vida, aliviadas, satisfeitas com o conteúdo apresentado e, se alguém questionar, com qualquer uma delas, perguntando: "Valeu a pena a inscrição que você pagou?", com certeza todas dizem que valeu muito a pena. O mesmo ocorre com os eventos promovidos pelo José Raul Teixeira, o José Medrado e todos esses expositores que não tem qualquer receio em realizar esses eventos.

Se essas pessoas pagam com o dinheiro delas, eu pago com o meu dinheiro, que diabo tem a ver outras pessoas que se metem a criticar?

Se Divaldo tem uma vida inteira dedicada a pobres, cem por cento das atividades da Mansão do Caminho é dirigida a pobres, possui milhares de pobres que comem às custas do seu trabalho, por que em alguns momentos não pode realizar um trabalho junto a pessoas de um pouco mais de recursos, exatamente a fim de obter um pouco desses recursos para continuar ajudando aos pobres?

Assim como Divaldo, todos os outros que realizam os eventos.

Queiram ou não queiram, esse tipo de crítica aos eventos cobrados é mais uma manifestação de perturbação em algumas pessoas do nosso movimento que, talvez por não terem outras coisas com as quais deveriam se preocupar, terminam se ocupando em se incomodar com os que tem uma vida de grandes realizações no bem.

Para a apreciação de todos.


Carinhosamente.


Alamar Régis Carvalho


alamar@redevisao.net


www.redevisao.net

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