03 outubro 2008

Crítica a Revista Veja sobre oi filme Bezerra de Menezes.

Amigos, bom dia!
Gostariamos de aproveitar a oportunidade e publicar a carta do nosso amigo Alamar Régis,enviada à revista VEJA, rebatendo as críticas feitas ao filme Bezerra de Menezes. Se quiserem ler a revista CLIQUE AQUI para fazer o download. Abaixo está carta enviada por Alamar.

Santos, SP, 21 de setembro de 2008.

De: Alamar Régis Carvalho - Assinante

Para: Revista VEJA – Editora Abril

Referência: Matéria "Sessão Espírita"

Senhores Editores:

Depois de ler a matéria em questão, eu comecei a ficar preocupado com a revista, essa que é a mais importante do nosso país, com tiragem semanal de mais de um milhão de exemplares, sendo lida na semana lançada por uma média de 3 a 4 pessoas, por exemplar, e nas semanas seguintes por uma média de 8 a 10 pessoas, já que está presente em quase todas as salas de espera de consultórios, escritórios, etc... (é a informação que me passaram). Quantos e quantos milhões de brasileiros lêem a VEJA.Pelo que o Brasil inteiro sabe, a VEJA procura preservar a sua independência, se coloca em posição apartidária, dispõe-se a expor os maiores escândalos verificados no País, sem temer até mesmo os poderosos envolvidos nas maiores safadezas praticadas no Brasil. Isto é bom demais, porque nos dá uma tranqüilidade de sabermos que temos uma imprensa livre e, sobretudo, responsável.Encontramos em suas páginas um Diogo Mainard, mantendo a sua posição contra o Lula, independentemente dos números de popularidade que o presidente apresenta, o que denota uma certa coerência porque o jornalista não é um "vira casaca". O Diogo continua sendo ele mesmo.Encontramos também um notável Stephan Canitz, um dos maiores colunistas que conheço no Brasil, pela sua notável coerência e bom senso.Enfim, senhores editores, creio que a preocupação maior de uma revista desse porte deva ser com a preservação do seu nome, construído no País por mais de 30 anos, para que o conceito junto a opinião pública continue elevado e a credibilidade permaneça em alta.O que o leitor imagina é que a VEJA, pelo prestígio que tem e pela dimensão da Editora Abril, deve ter um critério muito rigoroso quanto a seleção de jornalistas, articulistas, enfim, todos os que escrevem em suas páginas, para que, embora o direito de opinião e expressão sejam livres entre os jornalistas, assim como entre os cidadão comuns, é recomendável o cuidado para que não deixem poluir as suas páginas com matérias escritas por pessoas despreparadas, mal informadas e sobretudo tendenciosas, a fim de que essa valiosa credibilidade não seja afetada.Relembrando o notável escritor Richard Simonetti, que há dez anos atrás escreveu uma carta a essa mesma VEJA, protestando contra uma outra matéria equivocada, onde ele dizia algo mais ou menos assim:- "Se diante de uma matéria, envolvendo um assunto que eu conheço profundamente, identifico um festival de aleivosias, equívocos, mentiras e bobagens, que caracterizam absoluto desconhecimento por parte de quem escreveu, como é que eu, como assinante dessa revista, posso dar credibilidade a ela quando diante de matérias sobre assuntos que eu não conheço?"Novamente identificamos uma falha lamentável da VEJA, nesta matéria escrita por Marcelo Marthe, que termina por comprometer o respeitável nome da VEJA. Quanta bobagem esse cidadão colocou na matéria.

Não é que queiramos, como espírita que somos, elogios ao filme "Bezerra de Menezes...", porque reconhecemos que, de fato, não foi lá essas super produções, está muito longe, em qualidade cinematográfica, dos grandes filmes produzidos em Hollywood e até mesmo aqui no Brasil e, também, o bom senso nos recomenda compreender a posição do crítico cinematográfico, embora muitos deles estejam acostumados a qualificarem como verdadeiras "porcarias" algumas películas, ao mesmo tempo em que o público dá uma resposta totalmente diferente, lotando por meses e meses as salas de projeções onde as tais "porcarias" são exibidas. Assim foi com o filme "Ghost, o outro lado da vida" e vários outros. Acontece que a postura do autor da matéria não se resumiu a fazer análises do filme, em si, enquanto filme, e partiu para o deboche, para falar sobre o que não entende, sujando as páginas da nossa maior revista com um verdadeiro festival de bobagens, em alguns momentos, o que é lamentável. Registremo-las.

O nome correto desta "coisa" que ele insiste em chamar de "kardecismo" é "Espiritismo", denominação que foi criada, exclusivamente, para identificar esta doutrina filosófica, que tem postulados muito bem definidos e não pode ser confundido por nenhuma outra prática. Espiritismo é Espiritismo, assim como Umbanda é Umbanda e Catolicismo é Catolicismo. O outro equívoco verificado logo no mesmo subtítulo, é quando ele identifica Bezerra de Menezes como "pioneiro do kardecismo no Brasil", o que não se constitui como verdade, haja vista que o primeiro centro espírita fundado no Brasil foi na cidade de Salvador, Bahia, em 1865, por Luiz Olympio Telles de Menezes, jornalista, e não por Bezerra de Menezes. Outro equívoco é cometido quando o autor faz referências a "fantasmas" baixados em set de filmagem, o que também não existe em termos de Espiritismo, onde não se vê qualquer relação com fantasmas, ninguém faz qualquer referências a fantasmas, e muito menos nada que anda "baixando" em lugar nenhum. É bom que o cidadão saiba também que, em Espiritismo, não se pratica absolutamente nada sobrenatural. Tudo o que se pratica é absolutamente natural, embora sobre o nível de capacidade de compreensão e entendimento de muita gente. Não é porque a Trigonometria não pode ser entendida e compreendida por alunos que cursam apenas a quarta série do primeiro grau, que ela é considerada sobrenatural. Ele tenta, visivelmente, diminuir o Espiritismo, ao citar que o interesse pelo filme resume-se apenas a espectadores dos níveis C e D, pelo fato de haver procura também nos dias de segunda à quarta-feira, quando o ingresso é mais barato. Daí eu o sugiro a checar os bancos de dados da própria Editora Abril a fim de checar, entre os assinantes da própria VEJA, qual é o segmento filosófico/religioso que, proporcionalmente, é maior. Tudo indica que vocês verão a comprovação disto no número de e-mails que certamente serão enviados, por causa desta mesma matéria. Ou será que o segmento brasileiro que recebe o "bolsa-família" tem condições de comprar ou assinar a VEJA? Quanto a citação "Nem toda comunidade espírita ficou satisfeita com o filme", eu pergunto: E daí? E teria que ter a unanimidade de aprovação de uma comunidade inteira? Qual o filme, em toda a história do cinema, que tenha agradado a cem por cento dos espectadores? Vê-se aí um certo desdém do autor em relação ao filme, que se firma mais quando ele qualifica o ator Caio Blat como "galãzinho", ator este sempre presente atualmente nas novelas da Globo, em papéis de destaque e não como simples figurante ou interprete de papéis inexpressivos. É verdade, sim, que no filme tem, também, atores desconhecidos e que até talvez não estariam em nível de estarem em um filme com este propósito, contracenando com um notável e extraordinário Carlos Vereza, mas daí a qualificar como "assombro", já é uma má vontade imensurável. O Lúcio Mauro não é apenas um comediante, é também um ator, sim, com presença em papéis de destaque em vários momentos da própria Rede Globo, nesta condição.

Outros detalhes precisam ser observados: Primeiro que o francês Allan Kardec não fundou crença nenhuma e nem o próprio Espiritismo, se é a ele que o autor quer se referir, jocosamente, não foi fundado por ele que nada mais foi que o seu codificador, um educador, mestre (e não um religioso) que foi convidado por espíritos para lhes formular as perguntas que quisesse, com todo rigor e sem qualquer aprisionamento religioso, para daí passar para livros e apresentar às pessoas. Segundo, que apenas alguns espíritas utilizam-se dessa expressão "Kardec Brasileiro", em relação ao Bezerra de Menezes, e não os seus admiradores.

Ao encerrar, vejamos mais este trecho da matéria:"Para os espíritas, ele foi a reencarnação de um espírito evoluído dos tempos bíblicos. Há quem jure que, numa sessão mediúnica nos anos 60, o fantasma do escritor russo Leon Tolstoi tenha revelado que em outra vida Bezerra foi Zaqueu, cobrador de impostos que se tornou seguidor de Jesus, conforme o Evangelho de São Lucas. Para outros, ele teria sido o próprio Lucas." Quanta bobagem. Os espíritas não andam se preocupando em quem foi reencarnação de quem, e nunca vi ninguém se referir a Bezerra com esta identificação. Afirmar, também, que há quem jure, numa sessão mediúnica... é outra besteira sem tamanho, posto que espíritas não andam jurando coisa nenhuma, ainda mais em reuniões mediúnicas, que são práticas totalmente diferentes do que possam imaginar alguns jornalistas.Em síntese, a disposição e a dignidade da VEJA em registrar esta realidade do cinema brasileiro, mesmo sem ser uma grande produção, é algo notável e traduz-se como jornalismo sério, mesmo em se considerando críticas desfavoráveis ao filme, enquanto filme. O único aspecto reprovável é que, em vez do articulista se ater a analisar o filme, mesmo dentro do seu gosto pessoal, ele se aproveitou da força da revista para colocar impressões pessoais acerca da doutrina em si, o que é reprovável, já que o objetivo da matéria não foi de falar sobre a doutrina. Foi aí que ele se perdeu, pelo despreparo e a inconseqüência em falar tanta bobagem, pelas páginas de uma revista, que tem um papel histórico no Brasil.

Abração.

Alamar Régis Carvalho

Analista de Sistemas e Escritor (talvez mambembe)

alamar@redevisao.net

Um comentário:

Chico Vieira disse...

Assino em baixo a missiva, sem ressalvas de qualquer espécie.
De resto, insta considerar que o ranço contra o espiritismo vem de longa data, instigado por correntes religiosas ortodoxas e dogmáticas, a cujos seguidores não socorre a dúvida, vez que imbuídos de uma fidelidade canina (não no sentido pejorativo), à falta de questionamentos lógicos. Também pudera: os centros espíritas são, em geral, pequenos e modestos, sem nenhum fausto. Não se ora, alí, em voz alta. Logo, sua divulgação não provém de cultos realizados em ambientes suntuosos, que em nada lembram a pobreza que caracterizou o Cristo, e sim da leitura das obras de Kardeck, a serem entendidas estritamente à luz da razão. Tudo é uma questão de se ler e de entender. O mais, decorre daí.